quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Os novos líderes já estão mudando a educação corporativa


As empresas estão cada vez mais conscientes de que é preciso não apenas fazer diferente, mas fazer bem feito, pois o atual modo de produção e consumo é insustentável. Novas competências e habilidades já estão sendo buscadas pela nova geração, que tende a ser a liderança do futuro. O que empresa e profissional têm em
comum nessa transformação? Um dos atributos mais importantes de uma empresa que se comporte com responsabilidade social é a realização de práticas empresariais sustentáveis. Essa gestão precisa basear-se em pelo menos dois pilares: 1) inovação de processos, produtos e serviços; e 2) desenvolvimento de novas competências. As empresas estão cada vez mais conscientes de que é preciso não apenas fazer diferente, mas fazer bem feito, pois o atual modo de produção e consumo é insustentável.
Outras competências e habilidades já estão sendo buscadas pela nova geração, que tende a ser a liderança do futuro. O que empresa e profissional têm em comum nessa transformação? É o que vamos comentar agora.
Nova geração, novos comportamentos.
Já comentamos neste espaço uma pesquisa feita pela IBM no início do ano passado, com 3.600 estudantes em 40 países, a respeito do que pensam esses jovens que ocuparão os cargos executivos no futuro. Três características foram reconhecidas por eles como decisivas para a liderança do século XXI: pensamento global – ou seja, o líder precisará ser um cidadão do mundo e responsabilizar-se pelo outro; sustentabilidade – entendida como respeito aos limites do planeta e busca por equilíbrio entre as atividades humanas e o meio ambiente; e integridade – no sentido de que a vida pessoal também precisa estar em equilíbrio com a vida profissional.
Tais jovens adquiriram esses valores enquanto consumidores globais, com acesso a produtos e serviços do mundo inteiro, muitas vezes com apenas alguns toques no teclado do computador. Aprenderam sobre sustentabilidade verificando informações nos rótulos, buscando confirmação de dados na internet e constatando que os negócios muitas vezes não se responsabilizam pelas ações de suas cadeias produtivas. Por isso, têm urgência em agir e consertar as coisas. O agir, no entanto, não é parecido com o que conhecemos. A ambição dessa juventude é fazer tudo diferente, e melhor. Por isso, iniciam-se na vida profissional com outros valores e objetivos.
Mudanças à vista. As demandas desses jovens têm encontrado eco nas mudanças que as universidades e as empresas já estão promovendo em seus currículos e em seus perfis profissionais.
No âmbito da academia, os cursos buscam enfatizar a pluralidade do ambiente global e dos conceitos que envolvem a liderança executiva. Os indivíduos, as empresas, os Estados e o planeta precisam de soluções novas para questões ambientais e sociais prementes. Por isso, os líderes precisam ser mais abertos ao diálogo, pautados por valores como honestidade, transparência, visão de longo prazo e respeito a todas as formas de vida.
Uma das iniciativas com foco nesses valores é a Liderança Globalmente Responsável (GRLI, da sigla em inglês), da qual participam escolas de negócio e empresas em programas educacionais com esse novo perfil. A GRLI nasceu em 2004 dentro da Fundação Européia para o Desenvolvimento de Gestão (EFMD), com apoio do Pacto Global das Nações Unidas. Começou com sete empresas e 14 escolas e hoje já tem 72 participantes. Pelo Brasil, estão a Petrobras e a Fundação Dom Cabral (FDC). Essas escolas vêm mudando sua grade curricular e fazendo com que os profissionais delas saídos levem a nova visão de compreender problemas globais e lidar com culturas diferentes.
Outras escolas que são referência, como o International Institute for Management Development (IMD), na Suíça, a Harvard Business School, nos Estados Unidos, e a Business School São Paulo (BSP), no Brasil, também já estão oferecendo cursos com foco no tripé globalização, sustentabilidade e integridade. Nas empresas para reter talentos, as empresas não estão apenas oferecendo um leque atraente de benefícios e remuneração. Elas também estão tornando mais participativa, por assim dizer, a carreira do profissional, ao abrir a possibilidade de que o próprio funcionário defina os objetivos que quer atingir, visando equilibrar as ambições profissionais com a vida pessoal. A partir dos anseios individuais é que as empresas mais avançadas em gestão responsável definem as estratégias coletivas de educação corporativa e dos planos de cargos e salários.
A gestão dessas áreas tornou-se, assim, ainda mais estratégica para as empresas. Está cada vez mais alto o investimento a ser feito para atrair e reter o profissional mais jovem, ambicioso e altamente conectado. Caso ele se sinta entediado com as tarefas ou incerto a respeito de sua carreira, não pensará duas vezes para buscar outro porto seguro.

O desafio, para as empresas, é oferecer um mix de bom salário associado ao prazer de estar aqui e a novos desafios. Por isso, é possível prever uma reviravolta não só nos cursos acadêmicos, mas na educação corporativa e na própria gestão.

                                                                                                  Por: Patrícia S. Ferraz

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