Os novos líderes já estão mudando a educação corporativa
As empresas estão cada vez mais conscientes de que é preciso
não apenas fazer diferente, mas fazer bem feito, pois o atual modo de produção
e consumo é insustentável. Novas competências e habilidades já estão sendo
buscadas pela nova geração, que tende a ser a liderança do futuro. O que
empresa e profissional têm em
comum nessa transformação? Um dos atributos mais importantes
de uma empresa que se comporte com responsabilidade social é a realização de
práticas empresariais sustentáveis. Essa gestão precisa basear-se em pelo menos
dois pilares: 1) inovação de processos, produtos e serviços; e 2)
desenvolvimento de novas competências. As empresas estão cada vez mais
conscientes de que é preciso não apenas fazer diferente, mas fazer bem feito,
pois o atual modo de produção e consumo é insustentável.
Outras competências e habilidades já estão sendo buscadas
pela nova geração, que tende a ser a liderança do futuro. O que empresa e
profissional têm em comum nessa transformação? É o que vamos comentar agora.
Nova geração, novos comportamentos.
Já comentamos neste espaço uma pesquisa feita pela IBM no
início do ano passado, com 3.600 estudantes em 40 países, a respeito do que
pensam esses jovens que ocuparão os cargos executivos no futuro. Três
características foram reconhecidas por eles como decisivas para a liderança do século
XXI: pensamento global – ou seja, o líder precisará ser um cidadão do mundo e
responsabilizar-se pelo outro; sustentabilidade – entendida como respeito aos
limites do planeta e busca por equilíbrio entre as atividades humanas e o meio
ambiente; e integridade – no sentido de que a vida pessoal também precisa estar
em equilíbrio com a vida profissional.
Tais jovens adquiriram esses valores enquanto consumidores
globais, com acesso a produtos e serviços do mundo inteiro, muitas vezes com
apenas alguns toques no teclado do computador. Aprenderam sobre sustentabilidade
verificando informações nos rótulos, buscando confirmação de dados na internet
e constatando que os negócios muitas vezes não se responsabilizam pelas ações
de suas cadeias produtivas. Por isso, têm urgência em agir e consertar as
coisas. O agir, no entanto, não é parecido com o que conhecemos. A ambição
dessa juventude é fazer tudo diferente, e melhor. Por isso, iniciam-se na vida
profissional com outros valores e objetivos.
Mudanças à vista. As demandas desses jovens têm encontrado
eco nas mudanças que as universidades e as empresas já estão promovendo em seus
currículos e em seus perfis profissionais.
No âmbito da academia, os cursos buscam enfatizar a
pluralidade do ambiente global e dos conceitos que envolvem a liderança
executiva. Os indivíduos, as empresas, os Estados e o planeta precisam de
soluções novas para questões ambientais e sociais prementes. Por isso, os
líderes precisam ser mais abertos ao diálogo, pautados por valores como honestidade,
transparência, visão de longo prazo e respeito a todas as formas de vida.
Uma das iniciativas com foco nesses valores é a Liderança
Globalmente Responsável (GRLI, da sigla em inglês), da qual participam escolas
de negócio e empresas em programas educacionais com esse novo perfil. A GRLI
nasceu em 2004 dentro da Fundação Européia para o Desenvolvimento de Gestão
(EFMD), com apoio do Pacto Global das Nações Unidas. Começou com sete empresas
e 14 escolas e hoje já tem 72 participantes. Pelo Brasil, estão a Petrobras e a
Fundação Dom Cabral (FDC). Essas escolas vêm mudando sua grade curricular e
fazendo com que os profissionais delas saídos levem a nova visão de compreender
problemas globais e lidar com culturas diferentes.
Outras escolas que são referência, como o International
Institute for Management Development (IMD), na Suíça, a Harvard Business
School, nos Estados Unidos, e a Business School São Paulo (BSP), no Brasil,
também já estão oferecendo cursos com foco no tripé globalização,
sustentabilidade e integridade. Nas empresas para reter talentos, as empresas
não estão apenas oferecendo um leque atraente de benefícios e remuneração. Elas
também estão tornando mais participativa, por assim dizer, a carreira do
profissional, ao abrir a possibilidade de que o próprio funcionário defina os
objetivos que quer atingir, visando equilibrar as ambições profissionais com a vida
pessoal. A partir dos anseios individuais é que as empresas mais avançadas em
gestão responsável definem as estratégias coletivas de educação corporativa e
dos planos de cargos e salários.
A gestão dessas áreas tornou-se, assim, ainda mais
estratégica para as empresas. Está cada vez mais alto o investimento a ser
feito para atrair e reter o profissional mais jovem, ambicioso e altamente
conectado. Caso ele se sinta entediado com as tarefas ou incerto a respeito de
sua carreira, não pensará duas vezes para buscar outro porto seguro.
O desafio, para as empresas, é oferecer um mix de bom
salário associado ao prazer de estar aqui e a novos desafios. Por isso, é
possível prever uma reviravolta não só nos cursos acadêmicos, mas na educação
corporativa e na própria gestão.
Por: Patrícia S. Ferraz
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